
Dando sequência a esta trilogia de artigos, neste terceiro e último artigo, vou realizar uma análise utilizando como referência uma das empresas mais queridinhas da Bolsa brasileira, a famosa Magalu, que já foi motivo de alegria, mas também de tristeza para muita gente.
Inicialmente vamos voltar ao ano de 2019. Com o momento de pujança econômica que vivíamos e perspectivas positivas de crescimento para o país, as ações da nossa Magalu chegaram a um valor de mercado (multiplicação do total de ações pelo preço da ação) de aproximadamente R$200 bilhões, tendo nesse mesmo ano atingido seu lucro anual recorde de R$921 milhões, ou seja, ela chegou a negociar em um múltiplo superior a 200x seus lucros anuais.
Apenas para contextualizar, a Apple atualmente negocia a um múltiplo de 31x os lucros, e, por ser considerada empresa de tecnologia, ela usualmente negocia a múltiplos maiores. É fácil encontrar empresas de segmentos mais tradicionais negociando abaixo de 10x os lucros normalmente.
Mas o que fez tantos investidores comprarem ações da Magalu a esse nível de preços?
Possivelmente uma das respostas é o valor que os investidores enxergavam na empresa, provavelmente investidos de uma crença de que a Magalu cresceria a tal ponto que justificaria valer os R$200 bilhões. Ali naquele momento, do meu ponto de vista, havia uma discrepância importante entre preço e valor, visto que usualmente empresas do segmento de varejo não negociam a múltiplos tão altos como ocorria naquele momento com a Magalu, e a empresa precisaria multiplicar em muitas vezes os seus resultados a ponto de justificar tal valor de mercado.
E o que aconteceu com as ações da Magalu de lá pra cá?
Em termos de valor de mercado, as ações estão valendo aproximadamente R$24 bilhões, ou seja, perderam cerca de 88% de seu preço.
Então agora é a hora para investir?
Essa resposta cabe a cada investidor e investidora, uma vez que a percepção de valor é diferente para cada pessoa. Apenas trazendo mais dados para a ajudar na análise, por conta de todo cenário no mínimo complexo que temos vivido nos últimos anos, a Magalu deu prejuízo nos 2 últimos anos e possui um endividamento que corresponde a aproximadamente 50% do patrimônio da empresa.
Porém em um cenário de reaceleração econômica, com a volta do consumo de forma mais elevada, pode ser que ela volte a entregar lucros anuais, e seus múltiplos em algum momento voltem a patamares mais razoáveis.
Para o(a) investidor(a) mais conservador(a), acredito que ainda não seja a hora, visto que o cenário está longe de estar claro e mais previsível. Porém para o(a) investidor(a) mais agressivo(a), que acredita no futuro da empresa e quer tentar se antecipar a um ciclo mais positivo nos próximos anos, talvez já seja a hora de começar a montar investimento na empresa.
E aí, depois de diversos exemplos do seu cotidiano e do mercado financeiro, conseguiram entender a diferença entre PREÇO x VALOR? Então o que realmente importa é entender se você, investidor(a), acredita na empresa/ativo em que investe ou investirá e no momento de investir, ela estar no preço ou abaixo daquilo que você enxerga de valor nela!
Até a próxima!

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