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Writer's pictureÍmpar Inteligência em Investimento

O assunto da moda: MARCAÇÃO A MERCADO

Updated: Jan 30, 2023



O assunto da moda é Marcação a Mercado. O tema é tão importante que fiz questão de escrever com letra maiúscula e negrito. Acho bem provável que o(a) investidor(a) já tenha ouvido falar algo sobre esse tema recentemente. E imagino que, dada a sua complexidade, é bem provável também, que não tenha compreendido com exatidão o que ele significa e quais os impactos em seus investimentos. A ideia deste artigo é simplificar o assunto e levar você a entender o que é Marcação a Mercado. Acredite! Será muito importante saber como isso funciona.


No Brasil os investidores sempre foram acostumados a ver seus investimentos de renda fixa se comportando de forma linear, sem sobressaltos ou maiores oscilações. Exemplo: a Maria investe R$ 100 em um título de renda fixa por 1 ano com taxa de 12,70% ao ano. De forma simplificada, ela sabe que após 1 mês terá rendido 1%, após 6 meses cerca de 6% e, no vencimento, ela terá exatamente 12,70%, que foi a taxa combinada no ato da aplicação financeira. Ela comprou o título por R$ 100 e no vencimento terá R$ 112,70.


Essa metodologia de cálculo é chamada de marcação na curva. O sistema calcula diariamente o rendimento contratado correspondente até aquela data (pro rata temporis) e segue atualizando o valor de forma linear até o vencimento do título.


Ela é usada atualmente para qualquer título de renda fixa, seja ele:


·Bancário, caso do CDB, LCI ou LCA;

·Privado, que é o caso de Debêntures, CRI ou CRA;

·Público, como LTN, NTNB, NTNF.


Porém, por determinação dos órgãos que regulam o mercado financeiro brasileiro, a partir do dia 02/01/23, todos os títulos Privados ou Públicos passam a ser contabilizados diariamente pelo sistema de Marcação a Mercado.


Importante 1: os títulos bancários (CDB, LCI, LCA) não serão afetados pela nova regulamentação e seguem com o sistema de marcação na curva.


Importante 2: os fundos de investimentos de renda fixa, multimercados ou de ações já são marcados a mercado.


De forma simplificada, a Marcação a Mercado leva em consideração a lei da oferta e demanda para precificar diariamente os valores de cada título. Ela informa qual seria o valor aproximado a que o(a) investidor(a) conseguiria vender o título naquele momento, antes do vencimento. E para vender algo bem é preciso ter demanda! Se não há demanda, a única forma de vender é baixando o preço. E se a demanda for alta e a oferta for baixa, naturalmente os preços sobem.


Vou usar o exemplo acima da Maria, que aplicou R$ 100 em um título de 1 ano com taxa de 12,70%. Vamos imaginar que, apenas 1 mês após ela realizar o investimento, a taxa de juros tenha subido, e os investidores passem a ter acesso a títulos com rendimento de 20% ao ano. Nessas condições, se a Maria quisesse vender o título, ela só conseguiria vender com um desconto (deságio). O(a) comprador(a) do título exigiria um desconto suficiente para igualar o rendimento de 20% ao ano. Sem esse desconto, não tem por que ele(a) comprar o título da Maria.


Por outro lado, se um mês após realizar o investimento, a taxa de juros caísse para 8%, a Maria conseguiria vender o seu título com um prêmio (ágio). Ou seja, os investidores pagariam um rendimento extra para comprar o título dela, dado que naquele momento eles não conseguiriam aplicar a 12,70% ao ano. Demanda alta, preço sobe!

Sempre que a taxa de juros disponível no mercado estiver acima da taxa de juros contratada pelo investidor, o título dele será negociado com deságio. Ou seja, se o investidor resgatar naquele momento, ele terá um rendimento abaixo do contratado no ato da aplicação. E se a diferença dos juros for muito alta, ele poderá ter até prejuízo se resgatar naquele momento.


Por outro lado, sempre que a taxa de juros disponível no mercado estiver abaixo da taxa contratada pelo investidor, o título dele será negociado com ágio. Ou seja, se vender naquele momento, ele terá um rendimento acima do esperado para aquela data.


No gráfico abaixo temos um exemplo de como funcionam as duas metodologias. Note que, independentemente do sistema (na curva ou a mercado), na data de vencimento o título vale exatamente a mesma coisa. Ou seja, o investidor obtém exatamente a rentabilidade contratada no ato da aplicação.


Importante também lembrar que, na Marcação a Mercado, quanto mais longo o prazo de vencimento do título, mais sensível ele é à variação das taxas de juros. Um título de 1 ano com taxa de 10% é bem menos sensível do que um título de 10 anos com a mesma taxa. Ou seja, uma variação de 1% na taxa de juros tem um impacto 10 vezes maior no título de 10 anos em relação ao título de 1 ano.



A partir de 02/01/23, os investidores passarão a visualizar suas Debêntures, CRIs, CRAs e títulos públicos (exceto Tesouro Direto), com Marcação a Mercado. Quem investiu em um desses títulos com taxas abaixo do que se tem a disposição hoje, notará uma variação negativa no seu extrato. E, considerando a forte alta dos juros nos últimos meses, acreditamos que seja o caso da grande maioria dos investidores que aplicaram nesses títulos nos últimos 5 anos.


Se você é um desses investidores, é importantíssimo ter conhecimento sobre a Marcação a Mercado para não entrar em desespero e vender os títulos com rentabilidade abaixo do esperado ou até mesmo com prejuízo. Lembre-se de que, independentemente da metodologia de cálculo, o(a) investidor(a) sempre terá, no vencimento do título, a rentabilidade contratada inicialmente. Exceto é claro em casos de calote, mas esses são raros em se tratando de títulos públicos ou de grandes empresas.


A regulamentação aprovada permite que os chamados Investidores Qualificados, que são os que possuem mais de R$ 1 milhão em ativos financeiros, possam escolher qual metodologia desejam visualizar no seu extrato de investimentos. Eu, como profissional do mercado financeiro, prefiro a Marcação a Mercado e sugiro a adoção dela. Porém, entendo que ela possa causar ansiedade e preocupação em alguns investidores. Recentemente ouvi relatos do tipo: “comprei a debênture ou título público para carregar até a data de vencimento, logo, não tenho interesse em saber qual seria o preço a mercado dela hoje. Mas ouvi também comentários, como: “acho importante saber o preço a mercado para eventualmente resgatar com ágio antes do vencimento”. Conhecendo bem as diferenças entre os sistemas, cada um deve avaliar o que é melhor para si.


Já para os investidores que possuem menos de R$ 1 milhão em ativos financeiros, não há alternativa: os títulos serão Marcados a Mercado, e não haverá a opção de visualizar na curva.


Neste artigo, para simplificar, eu confesso que deixei de aprofundar o conceito de duration (vencimento), bem como todo o importante teor matemático que envolve a metodologia.


Qualquer dúvida, seja ela conceitual ou matemática, não deixe de falar com seu assessor ou assessora de investimento.


Até breve!


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