Antes de definir toda a frase, vamos entender a palavra “marcação”. Ela significa: carimbar, marcar ou etiquetar o preço de um ativo pelo valor de mercado, ou seja, pela lei da oferta e demanda. E “mercado” podemos entender como o local onde os investidores compram e vendem ativos financeiros.
Quando uma empresa capta recursos através de emissão de dívida ou venda de ações, chamamos de Mercado Primário. Os recursos captados são enviados para o caixa da empresa. Depois disso, quando esses mesmos ativos são negociados entre outros investidores, chamamos de Mercado Secundário.
De acordo com a regulamentação da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), todos os Fundos de investimento devem ter seus ativos e a valorização de suas cotas calculados com base nos preços do mercado, na Marcação a Mercado. Em outras palavras, trata-se do processo de estabelecer o “valor justo” de um ativo no mercado secundário.
Vamos a um exemplo prático. Suponha que 2 investidores tenham decidido criar um fundo de investimento e cada um(a) realize um aporte inicial de R$ 500.000,00 em uma seleção de ações, formando inicialmente um patrimônio total de R$ 1.000.000,00. Após algum tempo, um dos investidores resolve resgatar sua parte no investimento. No entanto, na data da saída do(a) investidor(a), a carteira do fundo está avaliada, a preços de mercado (Marcação a Mercado), em R$ 900.000,00, em decorrência de uma queda nos preços das ações. O(a) investidor(a) que quer continuar com os investimentos não está disposto(a) a pagar a parte do(a) investidor(a) que está saindo.
Dessa forma, restam duas opções para esse investidor ou investidora que gostaria de sair:
1 – Manter o capital investido no fundo de ações até uma possível valorização e assim fazer a venda no mercado secundário; ou
2 – Negociar sua parte pelo valor atual das ações (determinado pela Marcação a Mercado), realizando uma perda de capital.
Ou seja, de forma resumida, a “marcação a mercado” nada mais é do que o valor de um determinado ativo, num dado momento, baseado na oferta e demanda do mesmo no mercado secundário.
E o que afeta a oferta e demanda de um ativo? De forma simplificada, temos duas situações que podem afetar e trazer volatilidade para um ativo. Elas podem ser: sistemáticas ou não sistemáticas:
Sistemáticas: é quando as oscilações de preços não dependem da atuação ou competência da empresa, mas resultam de uma crise política, econômica ou até mesmo uma guerra, como estamos vivenciando agora.
Não sistemática: a oscilação de preço está ligada à empresa e/ou ao segmento a que ela pertence, dependendo então da avaliação de competência da empresa e do segmento de atuação, se está em crescimento, se os resultados estão positivos e se há confiança do mercado nessa empresa.
MARCAÇÃO A MERCADO EM TÍTULOS PÚBLICOS
Essa questão talvez gere muita dúvida entre alguns investidores e investidoras, por isso, eu quis detalhar esse ativo neste artigo. Os títulos públicos negociados no mercado secundário têm seus preços alterados diariamente, definidos pelo mecanismo de oferta e demanda. Esse processo ocorre em diferentes tipos de papéis. Vamos a alguns exemplos reais:
Gráfico de compra de um título público
Fonte: Gráfico elaborado pela Ímpar Inteligência em Investimento
O gráfico anterior apresenta a curva de rentabilidade do ativo quando o investidor compra um título público e mantém esse ativo até o vencimento.
Agora vamos ao segundo gráfico que apresenta o preço diário do título público que usamos neste exemplo:
Fonte: Gráfico elaborado pela Ímpar Inteligência em Investimento
Porém, sabemos que esse título público está sendo negociado no mercado secundário, por outros investidores, sujeito a oscilações de acordo com a oferta e demanda, que chamamos de marcação a mercado. Acima apresentamos a variação de preços do ativo.
Veja agora, no último gráfico que vamos apresentar, a curva de rentabilidade do título público quando o(a) investidor(a) compra e mantém até o vencimento, simultaneamente, com a curva da Marcação a Mercado do mesmo título público:
Fonte: Gráfico elaborado pela Ímpar Inteligência em Investimento
Como podemos observar, caso o(a) investidor(a) deseje resgatar o título público antes do vencimento, ele(a) poderá resgatar acima ou abaixo da curva de rentabilidade. Chamamos isso de Risco de Mercado, ou seja, é o risco que está ligado a perdas referentes às oscilações dos preços dos ativos, a famosa “volatilidade”.
Apesar do título público ser considerado de baixo risco, isso só se configura caso o investidor o segure até o vencimento. Caso contrário, se quiser liquidá-lo antes do vencimento, ele(a) estará exposto ao risco de mercado. Então, fique esperto(a) e tenha uma estratégia bem definida para não ter muitas surpresas no caminho.
Espero ter ajudado os investidores e investidoras a entenderem um pouco mais essa frase tão falada no mercado financeiro!
Um grande abraço!
Comments