Nos últimos 3 ou 4 anos, o mercado financeiro brasileiro passou por um desejável e saudável movimento de acessibilidade, onde um grande número de novos investidores e investidoras passaram a ter acesso a modalidades de investimentos antes restritas ao seguimento Private ou de alta renda. Ações, fundos imobiliários, debêntures, renda fixa, criptomoedas, passaram a ser temas amplamente debatidos no cotidiano.
Concomitantemente a esse movimento, presenciamos uma grande volatilidade (oscilação de preços e taxas) nos principais mercados. Vimos a taxa de juros Selic cair de 12% para 2% e retornar para o patamar de dois dígitos. No mercado de ações, assistimos ao principal índice da bolsa brasileira oscilar freneticamente como um gráfico de eletrocardiograma, entre 65 mil e 130 mil pontos. Sem esquecer do dólar, que oscilou de R$ 4 para R$ 6 e atualmente se encontra próximo de R$ 5,15. No meio deste turbilhão de informações, novas oportunidades e muita oscilação, não foi raro acompanhar investidores(as) cometendo diversos erros, uns mais básicos e outros nem tanto. Achamos que seria útil listar para os(as) nossos(as) clientes alguns destes erros cometidos pelos(as) investidores(as).
Se deixar levar pelo rendimento passado, acreditando que aquilo se repetirá no futuro.
Escolher o fundo de investimento pela rentabilidade dos últimos meses ou investir somente porque o amigo ou parente ganhou dinheiro com aquele tipo de investimento talvez seja o erro mais comum. É preciso compreender que todo investimento possui um timing e é preciso conhecer as razões da boa ou má performance dos últimos meses. Principalmente, saber se aquela modalidade se encaixa ou não com o seu perfil, com cenário atual e perspectivo da economia.
Deixar de separar a carteira de investimento em “cestas” de curto, médio e longo prazo.
Ter uma carteira de curto prazo, que acomode bem a reserva de emergência e a reserva para oportunidades, é imperativo para qualquer investidor(a). Quem possui uma carteira de curto prazo bem estabelecida, investe com maior tranquilidade no médio ou no longo prazo, onde certamente terá rendimentos maiores.
Acreditar que é possível ganhar muito dinheiro de forma consistente e com todo o patrimônio.
O fato de você ter obtido em 2020 um ganho de 50% na compra de uma ação (equivalente a IPCA + 45%), investindo 5% do seu patrimônio, não significa que repetirá a mesma façanha para todo o patrimônio e com a mesma consistência. No mercado de renda variável, não é incomum obter ganhos rápidos e elevados. Porém, as perdas também acontecem com muita frequência e psicologicamente é completamente diferente quando você expõe um percentual maior do seu patrimônio à grande volatilidade. A realidade mostra que são raros os(as) investidores(as) que conseguem ao longo do tempo rendimentos reais superiores a 6% ao ano (IPCA + 6%).
Focar muito no curto prazo, se deixando levar pelas variações de preços e notícias diárias do mercado financeiro.
Acompanhar as notícias e os preços dos ativos é perfeitamente normal e até desejável, desde que o investidor não entre na onda do subiu comprou/aportou, caiu vendeu/resgatou, de acordo com o humor do mercado. Esse tipo de comportamento é supercomum e, normalmente, é a receita perfeita para perder dinheiro. Não existe uma regra, mas de uma forma geral, o investidor ou investidora deve olhar para o perfil da sua carteira. Carteiras conservadoras exigem menos alterações anuais, e carteiras arrojadas exigem mais alterações.
Concentrar demais o seu patrimônio em um único ativo, sobretudo se for um investimento de risco mais elevado.
Erro bastante comum também, onde o investidor ou investidora se apega a um ativo por conta dos ganhos elevados obtidos recentemente e passa a aumentar a parcela investida, gerando uma super dependência e elevando os riscos da carteira.
Ignorar o dilema geral dos investimentos, onde sabemos que é impossível ter ao mesmo tempo um investimento que seja seguro, líquido e altamente rentável.
Essa certamente é uma das leis do universo. Nenhum investimento consegue ser o tempo todo: seguro, onde o governo ou entidade garantem um rendimento real; líquido, onde é possível resgatar rapidamente e a qualquer momento; e altamente rentável, onde o(a) investidor(a) obtém rendimentos reais mais elevados que a média do mercado.
É claro que há dezenas ou centenas de outros erros. Mas se o(a) investidor(a) conseguir evitar os 6 erros citados acima, certamente minimizará ou até mesmo evitará a maior parte dos demais.
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