Quando lidamos com investimentos, é muito comum encontrarmos investidores e investidoras que avaliam um potencial investimento levando em consideração somente o potencial de retorno daquele investimento, mas será que essa é a melhor estratégia? Será que o risco não deveria ser um dos primeiros fatores avaliados?
Antes de mais nada, o objetivo deste texto não é gerar qualquer tipo de apreensão, medo ou receio, é somente trazer uma reflexão sobre uma visão diferente e mais consciente na hora de investir.
É muito comum, principalmente entre investidores(as) com perfis mais agressivos ou mesmo moderados, encontrarmos aqueles que estão sempre à procura da próxima empresa que pode “explodir” na bolsa. E muitos dos cases que atraem a atenção são de empresas em processo de recuperação judicial, processos de turnaround ou também chamados de special situations (casos especiais). Infelizmente muitos destes cases acabam mesmo dando errado, e a empresa segue ao longo de anos reduzindo valor e gerando prejuízos recorrentes. Mas então por que esses cases atraem a curiosidade e o investimento de tantas pessoas?
Respondendo à pergunta, esses casos especiais atraem tanto a atenção, pois aquelas empresas que conseguem realizar de forma satisfatória o seu processo de turnaround realmente acabam retomando seus negócios, voltam a gerar lucros e, por consequência, costumam ganhar muito valor na bolsa de valores, gerando lucros expressivos a quem investiu na baixa da ação durante o processo de turnaround.
Não há nenhum problema em investir em empresas em casos especiais. Porém, o investidor ou investidora que faz a sua análise observando os riscos envolvidos naquele investimento talvez consiga avaliar melhor as opções e se livrar de alguns cases que serão somente destruidores de valor dentro da sua carteira ao longo do tempo e cujo perfil de investimento não está alinhado aos seus objetivos e aos prazos de seus investimentos. Elenco abaixo algumas perguntas dentre tantas outras que poderiam ser feitas:
1) Por que essa empresa está passando por este processo/problema? Será que não é um problema efetivamente “merecido” e que demorará para ela resolver, se conseguir resolver?
2) O que está mudando no mercado dessa empresa? É algo temporário e que a empresa conseguirá contornar ou é uma mudança estrutural ou de tendência do mercado? Ela conseguirá se reinventar?
3) Por quanto tempo esse problema pode persistir? Eu tenho fôlego para deixar meu capital parado nesse case por anos? Não há nenhuma outra oportunidade que faça mais sentido neste momento?
4) Se esse case der errado, quanto estou disposto(a) a perder de capital nessa aposta, caso a empresa venha, por exemplo, à falência?
5) Quais sentimentos me levam a querer investir nesse case? É um case somente emocional (medo de ficar de fora enquanto seus amigos/familiares investiram) ou fiz uma análise racional, e faz sentido investir nesse case com base em minhas conclusões?
Veja que, com algumas perguntas simples, o investidor ou investidora pode evitar investir em empresas que, por mais que pareçam atrativas, estão fora do seu perfil ou do que buscam como investimento.
Mas não é só na renda variável que existe risco, há riscos também na renda fixa, porém estes costumam ser mais sutis do que na renda variável. Muitas vezes esses formatos de investimento escondem armadilhas e, nesse caso, normalmente, o que guia o erro é a ganância por buscar aquele investimento com uma taxa de juros muito acima do mercado. Da mesma forma que na análise anterior, é importante que o(a) investidor(a) analise o porquê de o título da empresa X estar pagando uma taxa tão alta de retorno. Lembre-se sempre de que no mercado não há almoço grátis. Se aquele título está com um rendimento tão mais alto, é provável que a empresa emissora também esteja passando por problemas financeiros.
Se esse texto não é para assustar, por que escrever sobre riscos? O objetivo foi expor sobre como investidores bem-preparados podem sim tomar a decisão de investir em eventuais apostas mais arriscadas, desde que saibam analisar e dimensionar o tamanho adequado de cada investimento em sua carteira. E, para isso, é importante contar com uma assessoria especializada. Como eu sempre digo, se for tomar risco, tome com o dinheiro da “pinga” nunca do “leite”. Nós aqui da Ímpar sempre levamos em conta os riscos e alertamos quando algo está fora do perfil de nossos clientes, mas a decisão final sobre os investimentos sempre será de cada investidor ou investidora.
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